Empreendedores receberam um investimento de R$ 3 mil cada, além de participar de uma imersão presencial durante três dias em São Paulo
O Nordeste foi responsável por 15,6% dos pequenos negócios abertos no Brasil até novembro de 2024, totalizando 610.451 novas empresas. A análise da Sudene, baseada em estudo do Sebrae, aponta que a região ficou atrás apenas do Sudeste (51,1%) e do Sul (19,1%) na abertura de negócios, com os pequenos empreendimentos representando 97,4% das novas empresas locais.
No Pará, a expectativa para a COP30, que será realizada em novembro de 2025, impulsionou um crescimento significativo na abertura de empresas. Em janeiro, o estado registrou um aumento de 68% no número de novos negócios em relação ao mesmo período de 2023. Segundo a Junta Comercial do Estado do Pará (Jucepa), foram 11.743 novas empresas abertas no mês, contra 6.991 no ano anterior. Atualmente, o estado conta com mais de 650 mil empresas ativas, das quais 331.190 são microempreendedores individuais (MEIs). Belém lidera a abertura de negócios, com 2.975 novos registros, seguida por Ananindeua (1.188), Santarém (674) e Parauapebas (653).
Nesse contexto empreendedor, conectado às necessidades de futuro – como inovação e sustentabilidade –, o Projeto Negócio Raiz tem impulsionado negócios de impacto socioambiental no Norte e Nordeste. A iniciativa da Aliança Empreendedora, com apoio da Youth Business International (YBI) e financiamento da Standard Chartered Foundation, por meio do Programa Futuremakers do Standard Chartered, oferece capacitação, mentoria e investimentos para fortalecer pequenos negócios na região.
Os cinco destaques
Em março, após participarem de um ciclo de aceleração com capacitação online, presencial e mentoria, cinco jovens empreendedores — quatro do Pará e uma da Bahia — foram selecionados como destaques do projeto. Como reconhecimento, receberam um investimento de R$ 3 mil cada para impulsionar seus negócios de forma estruturada e participaram de uma imersão presencial em São Paulo.
Dentre os cinco jovens selecionados no Projeto Negócio Raiz, destacam-se Elisa Gabriela, de Ananindeua (PA), Ingrid Lorena, de Belém (PA), e Michelle Pereira, de Salvador (BA), que estão transformando seus negócios com impacto socioambiental.
Elisa Gabriela é fundadora do Studio Querida By: Elisa Gabriela, um negócio especializado em produtos estéticos naturais da Amazônia. Além disso, ela participa de um projeto para mulheres empreendedoras na Usina da Paz do Icuí e destaca como a iniciativa a ajudou na formalização da sua empresa e no aprimoramento do seu conhecimento em empreendedorismo. “A jornada foi uma das melhores da minha vida. Sou nova nesse ramo, mas aprendi muitas coisas com as aulas da aceleração e com minha mentora. Me sinto privilegiada por ter adquirido tanto conhecimento”, compartilha.
Emocionada com a conquista, Elisa conta que jamais imaginou ser uma das escolhidas, mas sempre teve esperança de que tudo era possível. Com planos de expandir seu negócio, a empreendedora deseja se profissionalizar em áreas como massagens relaxantes e ventosaterapia, e investir em cursos de cosmetologia para manipular seus próprios cosméticos naturais e medicinais. “Quero crescer, formalizar ainda mais o meu negócio e oferecer mais oportunidades para outras pessoas talentosas da minha comunidade”, acrescenta.
Também do Pará, de Belém, Ingrid Lorena, fundadora do Estação das Plantas — negócio que promove a venda de plantas ornamentais nativas da Amazônia, com foco em cultivo sustentável e educação ambiental —, conta que descobriu o Negócio Raiz por meio de uma publicação no Instagram e logo se inscreveu, mirando que seria uma grande oportunidade no aprendizado do empreendedorismo. “A jornada foi extremamente enriquecedora, com conteúdos de alta qualidade, como as aulas online e as lives”.
Ingrid, que está se formando em Agronomia, revela que sua maior dificuldade sempre foi a estrutura do seu negócio, especialmente diante dos desafios climáticos da região amazônica. “Meu principal objetivo com o prêmio é investir na estrutura. O outro ponto é uma ideia muito bacana de dedicar esse espaço também para a construção de saberes para crianças relacionadas à educação ambiental, abordando temas como o sol, as plantas, a reutilização e o manejo de resíduos orgânicos, tudo isso para ter um propósito social ainda maior com o nosso trabalho”.
Também foram destaques, os paraenses, Marjorie Melo, criadora da Mia Criações, um ateliê de artesanato sustentável que transforma retalhos de tecido em peças sofisticadas, e Pedro Pinagé, com sua estamparia artesanal Rio Piriá, que celebra a fauna e a flora amazônica. “Com o apoio recebido, vou investir em equipamentos para melhorar a apresentação do meu trabalho e expandir minha atuação”, afirma Marjorie. Pedro, por sua vez, complementa: “Este investimento será para aprimorar a produção e expandir meu impacto educacional sobre a fauna amazônica, além de me ajudar a abrir um ateliê maior para produzir mais e ensinar sobre a biodiversidade”.
Já Michelle Pereira se destacou com o delivery Point do Caranguejo, negócio que fortalece a economia local por meio da comercialização sustentável de frutos do mar, utilizando ingredientes de pescadores da região e promovendo a fabricação de adubo orgânico a partir das cascas dos crustáceos.
“Hoje em dia, minha principal dificuldade é conseguir atender a todos os clientes, pois recebi muitos pedidos e não tenho recursos para comprar mercadoria suficiente. Por isso, vou investir metade do valor em mercadorias, comprar um fogão industrial e também investir no marketing para apresentar meu negócio a mais pessoas”, afirma Michelle, emocionada com o reconhecimento.
Para ela, a experiência no projeto foi transformadora. “A cada ensinamento, fui aplicando no meu negócio e obtendo ótimos resultados. Consegui também organizar melhor meu tempo, separando a vida pessoal do trabalho. O que mais se destacou na minha trajetória foi, sem dúvida, a mentoria”. Michelle também revela que se sentiu mais confiante após aprender a comunicar claramente os valores e a proposta de seu negócio. “Quando vi minha foto entre os destaques, chorei de felicidade e agradeci a Deus”, completa.
Com o apoio do Projeto Negócio Raiz, os empreendedores seguem impulsionando seus pequenos negócios de forma estruturada, alinhados à sustentabilidade e ao desenvolvimento socioeconômico.
Impacto empreendedor aplicado à sociobioeconomia
Em 2024, a iniciativa Negócio Raiz capacitou e acelerou microempreendedores, muitos dos quais operam na informalidade, mas demonstraram grande potencial para impulsionar a economia local. Ao longo do ano, foram realizadas sete turmas de treinamento online via WhatsApp, beneficiando 630 participantes. Além disso, o projeto promoveu oito turmas presenciais em Belém e Ananindeua (PA) e nas cidades de Pitimbu, Areia e Jacaraú (PB), envolvendo 171 microempreendedores. Essas ações contaram com o apoio do Governo do Estado do Pará, por meio da Secretaria Estratégica de Articulação da Cidadania (SEAC), e das prefeituras locais da Paraíba, além de contar com o envolvimento de lideranças comunitárias.
“Agradecemos a todos que tiveram a coragem de participar dessa jornada intensa, demonstrando disciplina ao cumprir cada etapa, desde a entrega de relatórios até a realização das atividades. Nós, nos bastidores, torcemos e confiamos no processo. Mas essa jornada não termina aqui, queremos impactar ainda mais empreendedores e fortalecer nossa parceria a longo prazo com a Aliança Empreendedora”, destacou Germana Cruz, CEO e Head de Instituições Financeiras do Standard Chartered Bank Brasil, durante a transmissão on-line dos selecionados.
Após a fase inicial, o projeto selecionou 103 jovens empreendedores para a etapa de aceleração, que incluiu encontros online síncronos para discutir questões específicas relacionadas ao desenvolvimento dos seus negócios. Paralelamente, mais de 380 sessões de mentoria voluntária foram realizadas, criando um ambiente de apoio constante para os microempreendedores.
Como resultado dessa jornada, cinco empreendedores se destacaram e foram premiados com um investimento financeiro, além de uma imersão em São Paulo – voltada a conexão e capacitação presencial com o ecossistema do projeto – com todas as despesas pagas. O reconhecimento dos destaques se deu em um momento de celebração do encerramento do projeto, realizado no dia 13 de março, que reuniu empreendedores, equipe, representantes das organizações parceiras, mentores e interessados pela causa. Durante o evento, empreendedores apresentaram seus produtos e serviços em uma feira de negócios, uma apresentação em pitch, além de uma rodada de trocas onde receberam dicas e feedbacks dos convidados.
“Acreditamos que apoiar jovens empreendedores que atuam com elementos da sociobiodiversidade é uma estratégia para impulsionar economias locais e promover a preservação dos recursos naturais. O Projeto Negócio Raiz fortalece microempreendedores, reforçando que é possível aliar saberes tradicionais com inovação e mercado. Isso traz impacto econômico e social sustentável nas regiões”, afirma Andressa Trivelli, gerente do Projeto Negócio Raiz.
Novo ciclo com inscrições abertas
O Negócio Raiz está com inscrições abertas para o segundo ciclo, que iniciará em maio de 2025, com a meta de capacitar 1.000 jovens microempreendedores nos estados da região Norte e Nordeste. Serão 240 vagas para treinamentos presenciais em Belém (PA) e Salvador (BA), e 760 vagas para formações online via WhatsApp. As inscrições para os treinamentos presenciais vão até 18 de maio, enquanto as dos cursos online seguem até 31 de maio. Ao final do ciclo, 140 empreendedores serão selecionados para uma fase de aceleração e, em novembro, oito receberão investimento financeiro.
Podem participar microempreendedores de 18 a 35 anos com negócios em operação, preferencialmente na área de sociobioeconomia. As inscrições para os cursos online estão abertas para residentes dos estados do Norte e Nordeste, enquanto os presenciais são voltados para quem reside ou tem fácil acesso a Belém ou Salvador. Exemplos de negócios incluem a produção de alimentos regionais, artesanato com materiais naturais, cosméticos e biojoias com ingredientes da floresta, e moda sustentável. Para se inscrever, basta acessar o site oficial do projeto: www.negocioraiz.org.br.
Sobre a YBI
A Youth Business International (YBI) foi originalmente fundada como o braço internacional do The Prince’s Trust (atualmente King’s Trust), criado pelo Rei Charles III. Em 2000, a YBI tornou-se uma organização independente e hoje é a principal referência em empreendedorismo jovem, combinando influência global com expertises locais para apoiar jovens empreendedores ao redor do mundo na criação, expansão e sustentabilidade de seus negócios. Liderando uma rede em constante crescimento, com mais de 60 organizações de apoio ao empreendedorismo em 85 países, a YBI desenvolve e potencializa as soluções mais eficazes para ajudar jovens empreendedores a prosperar – desde o desenvolvimento de habilidades empresariais, incentivo à inovação e fortalecimento de talentos até a viabilização de acesso a mercados e a financiamento. Saiba mais em: https://youthbusiness.org/.
Sobre a Standard Chartered Foundation (SCF)
A Standard Chartered Foundation (SCF) é uma organização filantrópica que combate a desigualdade promovendo maior inclusão econômica para jovens em situação de vulnerabilidade, especialmente para mulheres jovens e pessoas com deficiência. Seus programas são voltados para empregabilidade e empreendedorismo, auxiliando jovens empreendedores e quem busca emprego a desenvolver suas habilidades e acessar redes, oportunidades e suporte necessários para alcançar autonomia e participação econômica.
Fundada em 2019, a SCF é uma organização registrada como sem fins lucrativos (número de registro 1184946) na Inglaterra e no País de Gales e atua como principal parceira na implementação do Programa Futuremakers by Standard Chartered, uma iniciativa global voltada para a inclusão econômica de jovens. Saiba mais em: www.sc.com/scfoundation.
Foto: Suamy Beydoun