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Gilmar Martins, da Associação dos Artesãos de Carqueijo, Distrito de Mucambo no Ceará

Gilmar Martins, da Associação dos Artesãos de Carqueijo, Distrito de Mucambo no Ceará

Foi lançado no dia 17 de julho, em Sobral, no Ceará, um documentário sobre empreendedorismo social, que conta a história da Associação dos Cartesões de Carqueijo, Distrito de Mucambo no Ceará, presidida pelo Gilmar Martins. A associação foi uma das vencedoras do 1º Prêmio Aliança de Empreendedorismo Comunitário em maio de 2011 e de lá para cá, a Associação só vem crescendo e disseminando sua história no Brasil.

Saiu uma matéria sobre o vídeo no Diário do Nordeste: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1292452

Empreendedores sociais no Interior

Trabalho de artesanato para a comunidade de Carqueijo, em Mucambo, gerou documentário

Sobral Amanhã, será lançado o primeiro DVD da Associação dos Artesãos de Carqueijo, distrito localizado no município de Mucambo. O documentário tem como tema Empreendedorismo Social e deve contar a importância do artesanato para a comunidade. O evento será às 19h no Centro de Artesanato Ana Sancho Martins.

Aos 16 anos, o artesão Gilmar Martins decidiu que essa era a profissão a seguir FOTO: WILSON GOMES

De acordo com o presidente da associação, Gilmar Martins, o tema foi escolhido por ter sido praticado antes mesmo dos envolvidos aprenderem seu significado. O empreendedorismo social esteve presente na vida dos artesãos há mais de 15 anos. “Ele é justamente o que fazemos na comunidade: encontrar uma solução diante das dificuldades do nosso Interior”, disse.

A diferença do empreendedorismo tradicional é a maior procura pela maximização de retornos sociais ao invés dos retornos financeiros. “Isso foi feito na comunidade desde 1996, quando começamos a buscar melhorias para todos”, contou.

Antes, a associação trabalhava apenas com a rede de três panos, uma rede que levava até quatro dias para ficar pronta. Em um dia se tecia, nos outros dois ou três, trabalhavam-se os acabamentos. Para venda, ela custava de R$ 12 a R$ 15. O lucro era insuficiente e desestimulante principalmente para a geração mais jovem, que não acreditava conseguir melhorar de vida com o artesanato.

Com 16 anos, o artesão Gilmar Martins decidiu que essa era profissão que iria seguir. “Quando vi que não ia ter a altura necessária para servir a Marinha, meu sonho de criança, busquei me aperfeiçoar na profissão por meio de cursos, principalmente os levados pelo Sebrae e Centro de Artesanato do Ceará (Ceart) para minha comunidade”.

Ao se casar, em 2000, ele contou que tinha apenas duas opções, ou ir embora como a maioria dos jovens e novas famílias fazia, ou trabalhar mais intensamente no artesanato.

Início difícil

Colocando em prática os cursos, criou dois modelos de jogo americano que abriram as portas para o Artesanato de Carqueijo no Estado. “Para que meu pai levasse as amostras para Fortaleza foi difícil, pois tive que convencê-lo de que o artesanato em fibras iria mudar a nossa realidade”, ressalta.

O jogo americano criado pelo artesão é feito de fibras naturais, como palha de bananeira e talisca de coqueiro, diferente do que era produzido antes, cujo material era apenas fio de algodão e era tecido no tear.

A coordenadora da Ceart na época, Josete Andrade, recebeu o trabalho com entusiasmo o que resultou no primeiro pedido. Foram 300 peças entregues à central.

“Mesmo com esse pedido, as artesãs mais tradicionais não quiseram aprender o novo modelo, achando que não fixaria como venda. Tive que confeccioná-los apenas com a ajuda de minha mãe”, confirmou.

No segundo pedido, foram 600 peças e também onde começou o interesse das demais artesãs. “No começo, foram apenas mais duas, mas com a regularidade dos pedidos e a melhor remuneração, pouco a pouco toda a comunidade se envolveu”.

Com esse jogo americano, Gilmar começou a rodar as cidades cearenses dando cursos para outras comunidades. Em Carqueijo, até os artesãos que haviam parado de trabalhar no tear, pediram para voltar à ativa. “Com os lucros dos cursos e vendas, reinvesti em teares melhores e materiais”, afirmou.

Bananeira

Em 2002, já com um número alto de pedidos, eles encontraram o primeiro de seus problemas. A bananeira que era recolhida para ser jogada no lixo foi negada para os artesãos. “Os cultivadores começaram a afirmar que sem a palha, não havia mais adubo para as plantas”.

O problema foi contornado com a troca de matéria prima. “Substitui a bananeira pela Taboa depois de ver uma esteira em jumento feita desse material. Para consegui-lo, tive que procurar em Massapê onde encontrei quem ainda é o atual fornecedor da Associação”.

A partir desse ano e dessa mudança, pode-se trabalhar em mais modelos e até em outros produtos. Hoje, no Centro de Artesanato, são encontros os tradicionais jogos americanos, colchas, toalhas de mesa, redes e todo o aparato de cama, mesa e banho, além de baús produzidos também com a Taboa.

O nível de vida dos moradores também melhorou, Gilmar conta que hoje mulheres que normalmente seriam apenas donas de casa conseguem uma renda de até R$ 500,00.

“Dependendo de sua produção, o valor pode ser até maior. O artesanato se tornou atrativo por ter um horário de trabalho flexível entre cuidar da casa e família, além de terapêutico”.

Há uma média de 35 artesãos fixos além daqueles que trabalham durante a alta estação, nos meses de julho e dezembro. Com a loja virtual inaugurada ano passado, o número de pedidos vem aumentando de acordo com o investimento em marketing. Já foram atendidos pedidos para Nova York, Portugal, Cabo Verde e outros países.

Dentre os prêmios recebidos nesses anos, Gilmar destaca o Prêmio Aliança e Empreendedorismo Comunitário e as três primeiras edições do Top 100 de Artesanato do Sebrae. Muitas da vitórias Gilmar destaca que foram graças a parcerias, como o Sebrae, Ceart e Prefeitura de Sobral por meio da Secretaria de Tecnologia de Desenvolvimento Econômico e as pessoas da atual Secretária Daniela Costa e do ex-secretário da Pedro Aurélio Ferreira Aragão.

“Além das parcerias para cursos e palestras, eles se lembram do trabalho da Associação na hora de decorar espaços como a Casa do Artesão de Sobral, nosso parceiro, e a sala da secretária”.

Mais informações
Centro de Artesanato Ana Sancha Martins. Rua São Joaquim, S/N,
Carqueijo-Mucambo.
Telefone: ( 88) 3654 4013
www.carqueijoartesanato.com.br

JÉSSYCA RODRIGUES
COLABORADORA

 

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