Todo navegante conta um mapa e uma bússola para orientar suas decisões. Saber os melhores caminhos para conduzir o barco é fundamental para chegar ao destino com segurança. À frente de projetos sociais a situação não é muito diferente. Um bom planejamento ajuda a atingir resultados sólidos e ampliar o efeito dos esforços aplicados.
Investir em gestão não é tarefa fácil. Significa percorrer muitas etapas para concluir um objetivo e atingir resultados esperados. Planejar e executar tarefas com eficácia exige organização e disciplina. É como gerenciar uma empresa, com seus funcionários, seu estoque de materiais e as relações com clientes e fornecedores. Sem planejamento e gestão o negócio tende ao caos.
A “cultura do planejamento estratégico” já é uma realidade em muitos empreendimentos sociais. Não importa o tamanho do projeto, o número de pessoas envolvidas ou a complexidade das ações, planejar é fundamental. Este trabalho ajudará na organização legal da entidade, na captação de recursos, na prestação de contas para parceiros e na gestão da equipe e atividades da organização.
Disposição para aprender o tempo todo parece ser ponto comum entre empreendedores sociais de sucesso. “Fazer um negócio ou iniciativa social tradicional dar certo é bastante difícil. Portanto, esteja preparado para ser paciente, persistente, estudar muito os modelos existentes e estar disposto a ouvir, conhecer e aprender sempre.”, explica Rodrigo de Mello Brito, co-fundador e diretor executivo da Aliança Empreendedora.
O especialista diz ainda que é fundamental entender do universo no qual o projeto está inserido para poder planejar os caminhos para o futuro. “É preciso entender muito bem do problema para poder traçar a estratégia de trás para frente.”
Rodrigo explica, ainda, que fazer um planejamento formal é importante, mas que a experiência do contato com as pessoas que tem a ver com o trabalho também é fundamental. “O aprendizado que vem da experiência prática e dos erros e acertos em “pleno vôo” é muito sólido e traz os ajustes e aperfeiçoamentos necessários. Tenha e valorize tanto o planejamento como “fazejamento” em igual proporção.”
Planejar para crescer
Vem lá do Rio Grande do Sul o exemplo de quem foi atrás de ajuda para melhorar a gestão de um empreendimento social. A Consultora Natura Arlete Fátima Argenta, uma das vencedoras do Programa Acolher 2010, conta que, aos poucos e com a ajuda de muita gente, conseguiu conquistar objetivos relevantes à frente do INAV Instituto da Audiovisão.
A motivação veio da necessidade de conseguir recursos para manter a equipe de profissionais que atua no projeto. “Sempre tivemos consciência que seria impossível manter todo mundo como voluntário a vida inteira. Precisávamos pensar em como conseguir recursos para, minimamente, remunerar a equipe e até ampliar o tempo de dedicação ao projeto”, explica Arlete.
“Sabíamos que para conseguir recursos de parceiros era preciso nos organizar. Desta forma, fomos atrás da legalização do projeto e conquistamos o título de OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público). Após a formalização, alcançamos o primeiro grande resultado. Conseguimos um convênio com a Fundação de Assistencial Social de Caxias do Sul que fez um repasse de recurso para nosso projeto.”
Esta conquista estimulou o grupo a buscar mais qualificação. “Estamos aprendendo a trabalhar com mais planejamento. Sempre definimos metas e objetivos e as tarefas para atingi-los. Além disso, contamos com um estatuto que regulamenta as regras básicas do projeto, uma programação de horários, responsabilidades e gestão de recursos.”
“Queremos investir cada vez mais na organização administrativa para conseguirmos realizar nossos sonhos. E tudo que conseguimos até hoje foi com apoio de colegas e parceiros que entendem do assunto. Tem que sair à procura de parcerias se você quiser crescer. E tem gente disposta a ajudar”, conclui a consultora.
Gestão passo a passo
Assim como um barco que navega por um rio cheio de desafios, os empreendimentos sociais também exigem um bom trabalho de planejamento e gestão. Vamos percorrer algumas dicas sobre como iniciar um trabalho neste sentido.
1ª parada: observando o cenário
Antes de começar a pensar no plano de ação é fundamental entender o território de atuação e os cenários relacionados ao tema. Isso significa saber quem é o público do projeto, quais são suas expectativas e demandas, quem são os potenciais parceiros e quais os recursos já disponíveis para o trabalho. É o chamado diagnóstico. A palavra-chave nesta fase é pesquisa.
2ª parada: pensando o futuro
Levantados os dados que vão abastecer o planejamento, é hora de organizar o trabalho. O momento do planejamento define os objetivos e elenca as estratégias para alcançar os resultados. Também considera recursos financeiros, humanos e carga de trabalho para a equipe envolvida. A palavra-chave nesta é etapa é organização.
3ª parada: mãos na massa
É chegada a hora de executar. Com o plano definido, é quando se parte para a prática. Na execução, cada estratégia definida no planejamento começa a ser implementada. Se o planejamento é a receita do bolo, a execução é quando a cozinheira mistura os ingredientes. Realização é a palavra-chave desta fase.
4ª parada: momento reflexão
Avaliar é olhar para trás e refletir sobre os resultados alcançados e sobre as falhas do processo. Pensar nos erros e acertos é exercício fundamental para programar os próximos passos. Contudo, vale lembrar que esse olhar crítico não pode ficar apenas para o fim do processo. O monitoramento constante facilita a avaliação final e contribui para mudanças de rumo ao longo do percurso. Nesta etapa, a palavra-chave é reflexão.
Tomou nota? Que tal refletir sobre a gestão do seu projeto? Se tiver dúvidas, escreva pra gente. Compartilhando dificuldades e conquistas é que se cresce no trabalho.
