Costureiras, artesãs, donas de pequenas marcas autorais, integrantes de facções de costura, estilistas e muitas outras mulheres protagonizam o dia a dia da cadeia têxtil e de confecção. No Brasil — país que detém o título de maior cadeia têxtil completa do Ocidente —, 60% da mão de obra do setor é formada por pessoas do sexo feminino. O dado é da Associação Brasileira de Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), que também revela o número de unidades produtivas formais no país: quase 23 mil.
No entanto, o cenário para as mulheres que atuam no setor é desafiador. A discriminação de gênero, raça ou nacionalidade, o acesso desigual a recursos, a desvalorização e a peleja para equilibrar trabalho e vida pessoal evidenciam a importância de promover um mercado mais justo e sustentável para as trabalhadoras e empreendedoras da área, sejam elas brasileiras ou imigrantes.
A costureira e artesã há quase três décadas, Alessandra Crisostomo, transformou o amor pela costura em empreendimento e abriu o Ateliê Crisostomo, em 2019, na cidade de Duque de Caxias (RJ), onde faz artesanatos e customiza peças. Ela reforça o desejo de que a profissão tenha o reconhecimento que merece e comenta sobre os obstáculos de empreender na área. “Um dos principais desafios foi abrir espaço para conseguir mostrar o meu trabalho, me estabilizar como costureira em um lugar onde esse trabalho não é tão valorizado e fazer com que vejam como algo essencial e único”, relata.
A perspectiva para o empreendedorismo feminino na cadeia da moda é de crescimento e fortalecimento, à medida que mais recursos e apoio são disponibilizados para essas mulheres. Com o compromisso contínuo de organizações e a implementação de políticas públicas eficazes, é possível criar um ambiente mais justo e sustentável para todas as empreendedoras e trabalhadoras do setor.
Aliança Empreendedora: Apoiando o empoderamento feminino na moda
Conhecer suas histórias e realidades é essencial para compreender os desafios que enfrentam diariamente. Este é um dos objetivos do Moda Justa Sustentável, programa da Aliança Empreendedora que vem se consolidando no apoio à causa.
Desde 2014, por meio do programa Tecendo Sonhos, a instituição integra micro e pequenos empreendedores de facções têxteis, organizações sociais que trabalham com migração, governo, redes, pesquisadores e tecnologias para transformar as relações de sua cadeia e o consumo responsável, costurando uma verdadeira colcha de retalhos.
Em 2022, essa colcha ganhou um novo e importante espaço: o programa de Moda Justa e Sustentável, que chegou com o propósito de ampliar a atuação da organização em quatro pilares: educação empreendedora, hub de pesquisa, acesso a mercado justo e disseminação de uma moda mais sustentável.
No ano passado, o programa desenvolveu projetos focados em pequenas marcas de moda, facções de costura e costureiras autônomas de reparo de roupas, beneficiando mais de 2.500 pessoas, sendo 98% do público feminino e 59% negras e/ou imigrantes.
Para 2024, a ideia é intensificar o trabalho com esses mesmos públicos, conforme explica a coordenadora do programa, Cristina Filizzola. “Junto a nossa coalizão de parceiros e apoiadores, daremos continuidade ao Tecendo Sonhos, focando esforços em capacitação voltada a mulheres imigrantes que possuem suas oficinas de costura em São Paulo, além de intensificar esforços na formação e visibilidade de costureiras de reparo de roupas de forma nacional”, reforça.
As ações de Moda Justa Sustentável contam com o cofinanciamento de uma rede de parceiros, engajados também na construção estratégica do programa: a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), a Associação Brasileira do Varejo Têxtil (ABVTEX), o Instituto C&A, o Instituto Lojas Renner e o Instituto SYN.
Pesquisa para entender o perfil das costureiras autônomas
Em 2023, o programa de Moda Justa Sustentável realizou uma pesquisa nacional para entender melhor a realidade das costureiras autônomas de reparos de roupas no país. Ao todo, foram duas fases com 140 mulheres de 21 estados brasileiros.
Posteriormente, 20 empreendedoras foram selecionadas para participar de um curso online, no formato de aceleração, com uma metodologia especialmente desenvolvida para este público.
A pesquisa, que detalha a história, perfil, comportamento, sonhos, desafios e sugestões de trabalhos e políticas públicas, será lançada no dia 23 de maio, durante um evento aberto ao público.
Acesse o relatório do Programa de Moda Justa Sustentável aqui.
Gilza Morett ,tenho um ateliê de costura, trabalho fazendo roupas sob encomenda e concertos em geral, é uma profissão em extinção,temos que resgatar essa atividade, ensinando para o nova geração.
Olá Gilza, que legal!
Você já conhece o Tamo Junto? É só acessar http://www.tamojunto.org.br e fazer seu cadastro gratuitamente!
A profissão costureira está esquecida e gostaria de ensinar para os pequenos essa arte.