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O encontro da necessidade e da oportunidade nem sempre tem hora marcada. Mas na vida de Fátima Araújo, os ingredientes que sustentam essa combinação são escolhidos intencionalmente pela confeiteira. Foi na época da pandemia, enquanto observava o empreendimento de marmitas dos irmãos, que Fátima reconheceu o momento oportuno.

“Nesse tempo eu estava gestante, então eu não pude ajudar muito eles. Só que, eu fiquei de olho, né? Eu falei, esse negócio não tem sobremesa.”, relembra a empreendedora.

No mesmo período, conheceu o projeto social, Escola Pimenta do Reino e lá teve a primeira lição sobre a importância de lapidar sua oportunidade. Disposta a esculpir seu diferencial, nasceu a Pudimelícia. “Eu me tornei pioneira na venda do pudim perfeito aqui em Teresina”, comemora Fátima. 

Moradora do bairro Novo Horizonte em Teresina (PI), Fátima é generosa e não guarda segredo sobre a receita do pudim perfeito. Sua iguaria ficou tão conhecida na região que ela já participou de diversos programas de televisão compartilhando seu conhecimento sobre a sobremesa. No último, aproveitou o momento para anunciar seu novo diferencial, o pudim de cajuína, uma fruta típica da região.

Ao escolher uma das sobremesas mais queridas pelos brasileiros, ela sabia a responsabilidade que tinha e por isso, exalta que seu trabalho se destaca pela dedicação para aprimorar o doce e fazer dele o mais simples possível. “Eu consegui fazer tudo isso através de muitos testes. Através de muitas receitas jogadas fora, né? E ele é realmente perfeito. É saboroso, cremoso, é feito tradicionalmente. Ele não tem nenhum aditivo químico.”, celebra a confeiteira.

A mesma precisão que dedica para fazer o “pudim perfeito”, Fátima dedica aos estudos. Assim como uma boa receita precisa de bons ingredientes e cuidado nos detalhes, ela sabe que seu empreendimento precisa de conhecimento. Após se formar no curso de culinária na Escola Pimenta do Reino, Fátima conheceu os cursos da Aliança Empreendedora e se animou com as portas que o conhecimento abriu para seu negócio.  “ Eu acho que a Tamo Junto é uma faculdade disfarçada. Foi através do curso que tive a segurança e o encorajamento de fazer. Foi através do conhecimento, da pesquisa. Educação é tudo!” 

Toda noite, após colocar as filhas para dormir, Fátima assiste pelo menos uma das aulas do programa Tamo Junta. É a rotina disciplinada e constante de cursos que a motiva, enquanto trilha o caminho para superar a saída do ex marido da rotina com as filhas pequenas. “Eu não queria criá-las num ambiente de brigas e violência, né? Tanto que a mulher já sofre de graça, na rua. Ela vai sofrer dentro de casa também? Não. Eu quero criar mulheres independentes. Capazes de se manter sozinhas.”, reforça a empreendedora ao lembrar a reviravolta que sua vida deu desde que começou a empreender.

Hoje, atendendo mais de 4 restaurantes fixos, além das encomendas de clientes individuais, Fátima entende que empreender é muito mais do que uma forma de ganhar a vida.  Para além de sustentar a família, a principal conquista que a Pudimelícia trouxe para sua vida é ensinar para outras mulheres o poder que empreender aplica no desenvolvimento pessoal. Seu próximo curso, já conta com 40 alunos que terão acesso às ferramentas iniciais para saírem das aulas fazendo e vendendo pudim. “O nome do curso é Empreenda e Cresça com o Pudim. Porque não é só aprender a fazer o pudim. Você tem que vender o pudim.”, reforça, Fátima.

Seja fazendo o pudim, ensinando a receita, montando curso online, dando aula presencial, cuidando das redes sociais ou até fazendo entregas, Fátima deixa claro que empreender é um desafio diário, mas “no outro dia a gente ta sorrindo com uma encomenda enorme e dinheiro no bolso”, complementa. 

Para o futuro, a cozinha industrial é o próximo passo para aumentar a produção e sua equipe. Ela sabe que o caminho ainda é longo, mas Fátima, que está acostumada a olhar as oportunidades escondidas nas entrelinhas da necessidade, abre um sorriso para dizer que “desistir não é uma opção”. Para ela tem espaço para tudo, cozinhar, ensinar e sonhar com o dia que poderá ter o seu próprio projeto social para inspirar mulheres do seu bairro a seguirem o caminho do empreendedorismo. “Aquela frase, que projeto social muda vidas, eu pensei que era clichê, mas eu estou vivendo isso.”

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