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A cadeia de produção da indústria têxtil, de moda, é uma das que mais tem registrado, ao longo do tempo, a ocorrência de trabalho análogo ao escravo. Por isso, diversas iniciativas e projetos vêm sendo implementados para trazer mais sustentabilidade ao setor, buscando exterminar a exploração de trabalhadores e trabalhadoras e sua inclusão com melhores condições de renda. O empreendedorismo é um dos pilares nessa direção.

O programa Tecendo Sonhos – iniciativa da Aliança Empreendedora cujo objetivo é justamente promover relações dignas de trabalho na cadeia têxtil com o público imigrante latino americano por meio do empreendedorismo – busca integrar micro e pequenos empreendedores, organizações sociais que trabalham com migração, governo, redes, pesquisadores e tecnologias que transformem essas relações e estimulem o consumo responsável.

Criado em 2014, o programa tem apoiado microempreendedores, donos de oficinas de costura ou que queiram abrir seu negócio, por meio de uma rede de atuação que conta com parceiros e organizações estratégicas, levando conhecimento específico para os imigrantes desenvolverem seus negócios e disseminando informações importantes para a causa e no desenvolvimento de políticas públicas que promovam as relações dignas de trabalho na cadeia têxtil. Os empreendedores são orientados na profissionalização e formalização e são conectados com mentores e novos clientes para que possam estabelecer relações comerciais mais saudáveis.

Dentre os parceiros da Aliança Empreendedora nessa empreitada estão o Centro de Apoio e Pastoral do Migrante (CAMI), Presença da América Latina (PAL) e o Instituto Alinha. O programa tem o apoio da Organização Internacional do Trabalho, Instituto C&A, Inditex/Zara, BrazilFoundation e BVSA.

Com mais de 200 oficinas de costura apoiadas (92% bolivianos, 7% chilenos e 1% brasileiros) e uma média de 2,5 funcionários por oficina de costura apoiada, o Tecendo Sonhos se prepara agora para uma nova etapa, que é o lançamento de uma campanha de doação para pessoas físicas.

“A ideia da campanha surgiu justamente porque o Tecendo Sonhos é um programa institucional da Aliança Empreendedora. E isso faz com que a gente tenha um compromisso para que ele exista independentemente de ter algum parceiro financiando sua execução. Então criamos essa estratégia de doação de pessoas físicas, para ter mais autonomia e maior sustentabilidade e garantir que os objetivos do programa sejam atingidos. Isso vai trazer também uma maior mobilização, que dará mais visibilidade ao Tecendo Sonhos, fazendo com que os conteúdos que a gente já produz sejam acessados por mais imigrantes e comunidades”, avalia Cristina Filizzola, coordenadora do programa na Aliança Empreendedora.

Todo o recurso arrecadado com a campanha terá como objetivo principal apoiar a melhoria da estrutura das oficinas de costura que estão inseridas no programa, e também no apoio à formação de uma rede chamada Juntos Somos Mais Fortes, composta por oficinas de costura envolvendo migrantes que já passaram pelo programa desde o início de seu funcionamento. A rede vai ajudar a fortalecê-los como grupo, apontando as vantagens de um trabalho coletivo e associativista, tais como definição conjunta de preços justos para peças e produtos, deixando de se ver como concorrentes e passando a se perceber como parceiros. Compras coletivas de material, em maior quantidade, também tendem a ser mais baratas.

“Juntos eles podem pensar desafios e soluções, buscar seus direitos, políticas públicas e muitas outras coisas. Essa rede está em formação. Já tivemos um encontro e temos um evento agora em setembro, quando vamos lançar a campanha de doação”, diz Cristina. “O programa está completando quatro anos, e trabalhamos em quatro frentes de atuação: advocacy, trabalho de apoio à base, apoio a tecnologias que ajudem a transformar a lógica de mercado e a frente de inclusão financeira. ”

O programa conta com o suporte de um Conselho Consultivo, que atua no desenvolvimento de estratégias, ampliação da rede de apoio e troca de experiências sobre a realidade do setor têxtil e suas relações de trabalho. Integram esse grupo a Associação Brasileira do Varejo Têxtil (ABVTEX), Maniê, Associação Brasileiras da Indústria Têxtil (Abit), InPACTO, Centro de Apoio e Pastoral do Migrante (CAMI), além da diretora de arte Guisela Torrez.

Para Edmundo Lima, diretor executivo da ABVTEX, “é de fundamental importância integrar o Conselho do programa Tecendo Sonhos, que busca a sustentabilidade no setor da moda em total sinergia com o propósito da ABVTEX – que é promover a moda sustentável, tornando-a mais acessível a partir do desenvolvimento de uma cadeia produtiva, justa, responsável, inovadora, competitiva e transparente – e com o Programa ABVTEX, considerado o maior esforço setorial da moda no Brasil em prol da responsabilidade social, do compliance [cumprimento de normas legais e regulamentares] e da promoção do trabalho digno”.

Para ele, o processo de governança na composição do Conselho é positivo, pois existe uma diversidade que permite construir o ambiente de trocas e aperfeiçoamento de maneira colaborativa, com visão abrangente de promover melhorias e desenvolvimento ao setor. Conheça um pouco mais do programa assistindo ao documentário Tecendo Sonhos: relações que transformam:

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