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Confira a matéria publicada no caderno Empreendedor Social, da Folha de S. Paulo, que fala um pouco sobre a história de Ericka

No dia 08 de abril a Folha de S. Paulo publicou no caderno Empreendedor Social, uma matéria completa sobre a história inspiradora da empreendedora Ericka Miorim, que atua como revendedora de produtos de sex shop e precisou superar muitos preconceitos para se estabelecer no mercado.

Ericka foi uma das empreendedoras apoiadas pela Aliança Empreendedora na Escola Brilhante, sendo uma das finalistas no processo seletivo Hora de Brilhar.

Confira abaixo a matéria na integra:

‘Venci preconceitos no negócio de produto sensual’, diz empreendedora

Ericka Miorim, 33, lida com preconceitos todos os dias por causa de seu negócio.

Revendedora de produtos de sex shop chegou a enfrenta-los dentro de casa. “Até eu fazer meu marido entender, teve muita cara feia”, conta.

Ela lamenta que alguns clientes que aborda de porta em porta, no município de Sumaré, onde vive com a família, possam confundir sua ocupação com a de profissionais do sexo .

“Acham que pelo fato de trabalhar com produtos sensuais, você topa qualquer parada.”

Para se especializar e tornar cada vez mais profissional o negócio, ela se inscreveu na Escola Brilhante, curso de empreendedorismo promovido pela Unilever em com a Aliança Empreendedora, fundada por Rodrigo de Mello, finalista do Prêmio Empreendedor Social 2008, que desenvolveu uma metodologia de empreendedorismo sustentável para as classes C. D e E.

Leia abaixo o seu depoimento à Folha:

Meus empregos anteriores sempre foram voltados para a área de produção fazendo peças para carro e caminhão. Trabalhei três meses na Natura e três meses na Monange.

Não sei ficar quieta. Trabalho junto com meu marido, que tem uma empresa que faz duto de ar-condicionado.

Isso me deixou muito frustrada, por não estar em contato com as pessoas.

Foi então que veio a ideia: por que não me especializar e voltar a vender produtos de sex shop?

Há seis anos, eu tinha uma parceria com minha irmã, quando morávamos em Osasco. A gente cismou ia vender produtos sensuais.

Tínhamos uma sacola gigantesca que ficava na casa da minha avó.

Era muito bom, mas a gente não entendia a fundo do produto. Era meio que brincadeira.

Quando pensei em voltar com a venda, escolhi o nome Sexy Aladim [para o negócio], comprei um monte de produto e levei para um casamento em São Paulo, em abril de 2015.

Foi o teste. Se eu vendesse todos os produtos nessa festa, retomaria as vendas. Fui com minha sacolinha na maior cara de pau.

Era uma festa de família, muito conservadora, mas vendi todos os produtos. Voltei de São Paulo decidida.

Preconceitos

Como meu ramo é de produto prazeroso, tem vários preconceitos. Os maridos, principalmente, porque homem não gosta de mulher inteligente, de atitude.

Eles querem que elas busquem mais, mas, quando fazem, acham que estão querendo voar. Já está muito sabidinha.

As pessoas confundem muito. [Vender] Produtos de sex shop não quer dizer que a pessoa é profissional do sexo. Não sabem diferenciar. Acham que pelo fato de trabalhar com produtos sensuais, você topa qualquer parada.

Eu sei porque isso acontece dentro da minha casa. Até eu fazer meu marido entender, teve muita cara feia.

Aprendi numa palestra para revendedoras, que é melhor não levar para casa produtos como prótese [peniana], para que meu marido e meus filhos não se sentissem constrangidos, mesmo que seja de plástico.

Tive que ir trabalhando a mente do meu marido, para fazer ele entender que uma prótese não é uma ameaça.

Anonimato

Com as clientes, quando falo a palavra sex shop, algumas aceitam e se interessam, mas esperam minha atitude. Depois que elas se informam do que se trata e de como é o produto, compram comigo.

Fiz uma pesquisa com elas e observei que preferem ficar no anonimato. Poucas clientes dizem ‘eu gosto de produto de sex shop sim, eu gosto de usar’.

Por vergonha, talvez, do que os outros vão pensar se a virem com aqueles produtos.

Não estou ali para julgar, mas para vender. Você percebe que o preconceito vem da própria pessoa.

Muitas mulheres me ignoram e dizem que não precisam de ‘remédio’.

Produto de sex shop não é remédio, é para apimentar a relação. Tem cliente que acha que vai acabar com o casamento delas.

Reclamam sem saber que vai agregar, ser um diferencial na vida delas.

Muito treinamento

Fiz o primeiro curso da Escola Brilhante, para melhorar minha autoestima [como mulher empreendedora].

Depois, fiz outro de empreendedorismo da Aliança Empreendedora, que me revelou muitas coisas, como me portar por exemplo.

É uma escola com finalidade em lapidar diamantes brutos, pois eu entrei crua e estou siando uma joia rara.

As tutoras da Aliança desenvolveram um trabalho incrível, nos ensinando a crescer em nossos negócios, nos fazendo acreditar em nós mesmas.

Fui construindo uma base sólida, um posicionamento no qual não me sentisse envergonhada do que estou fazendo.

Foi na Escola Brilhante que cheguei na empresa DDS [distribuidora de produtos sensuais]. Também fiz vários cursos lá.

Estudei produto, tive aulas com sexólogo e aprendi até como funciona o nosso corpo por dentro. O negócio ainda não anda com as próprias pernas, mas consigo ganhar de R$ 500 a R$ 600 por mês.

Espero que um dia consiga viver só com a venda de produtos sensuais porque cada vez me apaixono mais.

FONTE: Folha de S. Paulo – Empreendedor Social

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