Essa pergunta sempre aparece na plateia de eventos de empreendedorismo. Na abertura do Conexões Senac 2011, competição de plano de negócios para jovens universitários, não foi diferente.
O evento contou com a presença do jogador Raí, eterno camisa 10 do São Paulo Futebol Clube e empreendedor da Fundação Gol de Letra, e de Tiago Dalvi, jovem de 26 anos, diretor executivo da Solidarium, a maior plataforma de vendas, em comércio justo, de produtos desenvolvidos por pequenos núcleos produtivos comunitários presentes em mais cinco estados brasileiros.
Ao responder essa pergunta, Tiago foi categórico dizendo que, na opinião dele, o empreendedor se forma muito em razão do momento de vida, do ambiente, do ciclo social em que está inserido e, muitas vezes, até da própria necessidade. Para o Tiago, ninguém nasce empreendedor!
Para Raí, existem pessoas que têm características empreendedoras mais afloradas, o que lhes dará com certeza mais vantagens competitivas. Mas, para ele, o que importa mesmo para garantir o sucesso do empreendimento não é só o fato de ser ou não ser um empreendedor, mas sim poder contar com uma equipe competente e comprometida com a causa comum.
Se você não tem uma característica ou competência, cerque-se de pessoas que possam supri-la, ensina Raí, que sabe bem a importância de cada membro de uma equipe! Afinal, no futebol ninguém jogo sozinho, muito menos, ganha!
Para mim, nato ou conquistado, o título de empreendedor é atribuído àquela pessoa que encabeça um projeto de sucesso, que apresenta impactos positivos, tanto sociais quanto econômicos, e que ainda seja reconhecido por características de inovação e criatividade. Empreendedor é alguém que muda o paradigma e estabelece novos padrões e referências.
Concordo com o Raí, e tenho que discordar do Tiago (que ele me desculpe). Reconheço que temos exemplos de empreendedores natos e empreendedores que ganharam tal título, e o Tiago é sem dúvida um empreendedor nato!
É possível afirmar isso analisando a sua curta trajetória de vida (só 26 anos!) e suas conquistas (diretor da Solidarium, empreendedor Artemisia, fellow Unreasanable). Sua experiência de protagonismo universitário na Empresa Junior, seguido da entrada para a Aliança Empreendedora, onde sua primeira tarefa de “emprego” era captar recursos para o seu próprio salário, corrobora a tese de Bill Drayton, fundador da Ashoka Empreendedores Sociais.
Ele analisou o histórico da trajetória empreendedora de vários fellows Ashoka que fazem ou fizeram parte da Rede Ashoka nestes últimos 25 anos. E, em praticamente todos, foi reconhecida que uma experiência empreendedora durante a juventude pode despertar o “espírito empreendedor” do fellow, empoderando-o e modificando sua vida e forma de atuação pessoal e profissional para sempre.
Nós da Neurônio, agência de Ativação da Cidadania, acreditamos também nesta tese e vimos, nestes últimos dez anos de trabalho, que o potencial empreendedor pode ser desenvolvido principalmente na juventude, período em que a experiência empreendedora em projetos de engajamento juvenil é a oportunidade perfeita para enveredar ou não para a trilha do empreendedorismo.
O recado que fica para potenciais futuros empreendedores natos ou conquistados é: participe dos movimentos e projetos extracurriculares em suas escolas e faculdades e busque por experiências práticas, só a assim você terá escolhido a sua trajetória empreendedora.
Texto de Camila Cheibub Figueiredo – sócia-diretora da Neurônio Ativação da Cidadania, agência especializada em projetos e prêmios temáticos de engajamento social e empreendedor.