No dia 12 de novembro, durante o evento oficial de abertura da Semana Global do Empreendedorismo realizado pela Endeavor no Museu de Imagem e Som de São Paulo, os vencedores do 2º Prêmio Aliança de Empreendedorismo Comunitário foram homenageados.
O evento contou com algumas mesas de discussão sobre o empreendedorismo no Brasil, e, entre os presentes estavam Gilberto Dimeistein, colunista da Folha de São Paulo e da CBN e Luiza Trajano, fundadora do Magazine Luiza.
Os vencedores tiveram destaque no evento e como imaginamos, a presença deles afirmou os presentes que o empreendedorismo comunitário e o trabalho de cada microempreendedor brasileiro desenvolve e muito as comunidades!
Nesse ano, o Prêmio contou com o patrocínio master do Instituto Walmart – que investe em projetos voltados a mulheres, jovens e catadores e do Programa CATA AÇÃO – cujas ações visam contribuir para a sustentabilidade econômica e a cidadania plena de catadores de materiais recicláveis e suas famílias. O objetivo do prêmio é identificar microempreendedores – com faturamento anual de até R$ 240mil – que se destacam tanto pelo negócio que empreendem quanto por sua contribuição para o desenvolvimento econômico e social de sua comunidade.
Nessa edição, o prêmio foi dividido em 5 categorias – Empreendedor Individual, Mulher Empreendedora, Jovem Empreendedor, Grupo Empreendedor e Catador Empreendedor. O 1º colocado de cada categoria recebeu um patrocínio de R$ 5.000 (cinco mil reais) para investir em seu negócio, além de ter participado de uma capacitação oferecida pela Aliança Empreendedora em São Paulo durante 3 dias, o 2º colocado de cada categoria teve a oportunidade de participar da capacitação da Aliança Empreendedora em São Paulo também.
Conheça agora a história de todos os vencedores do 2º Prêmio Aliança de Empreendedorismo Comunitário, e porque essas pessoas têm inspirado outras pessoas a empreender:
Categoria Jovem Empreendedor
1º lugar: Francisco das Chagas Ribeiro Neto
Microempreendimento: Sítio Carijó
Cidade: Pentecoste – Ceará
Francisco tem 29 anos e é natural de Pentecoste no Ceará. Deixou a cidade aos 8 anos quando seus pais se separaram e foi morar em Fortaleza com a mãe, mas nunca deixou de gostar da vida no campo. Depois de trabalhar em Fortaleza como operador de produção na indústria têxtil, e passar por diversos trabalhos informais para ajudar a mãe que era empregada doméstica no sustento da casa, decidiu voltar para Pentecoste e assumir o trabalho na propriedade rural da família. Na mesma época, fez o curso que a ADEL (Agência de Desenvolvimento Local) oferecia na região: Formação de jovens empreendedores rurais. Francisco fez o curso, acessou microcrédito e começou a criação de frangos caipiras. De R$200,00 mensais, sua renda hoje é de R$ 1.070,00, o que possibilitou a volta da mãe e dos irmãos para trabalhar no Sítio Carijó, empreendimento de Francisco.
Categoria Empreendedor Individual
1º lugar: Fernando Chotguis Rosembaum
Microempreendimento: Bicicletaria Cultural
Cidade: Curitiba – Paraná
Fernando tem 33 anos, é artista e cicloativista. Em agosto de 2011, em parceria com Patrícia Valverde, abriu as portas da Bicicletaria Cultural, um espaço no centro de Curitiba voltado para atender a necessidade dos ciclistas de um centro de apoio e formação da cultura da bicicleta, além de um espaço para a discussão e produção cultural. Estacionamento de bicicletas (área restrita e coberta), oficina mecânica, aluguel de bicicletas, shows, exposições, exibição de filmes, curso de mecânica básica, curso de línguas (russo, sânscrito, inglês e francês) e cursos de consciência corporal estão entre as atividades oferecidas pelo espaço. O cicloativismo e a produção cultural são as bases da Bicicletaria Cultural e o espaço tem sido um local de encontro de artistas e bikers em um fenômeno pioneiro na cidade de Curitiba.
Categoria Mulher Empreendedora
1º lugar: Regina Coelli de Araújo Freitas
Microempreendimento: Favela Orgânica
Cidade: Rio de Janeiro – Rio de Janeiro
Regina tem 31 anos e é natural do interior da Paraíba. Trabalhou como empregada doméstica em João Pessoa e lá recebeu um convite para mudar-se para o Rio de Janeiro, trabalhando também como doméstica, mas ganhando um pouco mais. No Rio Regina começou a trabalhar com uma mulher que valoriza a cozinha com produtos naturais, orgânicos e integrais. E foi aí que ela aprimorou o amor pela cozinha, tomou gosto pelos produtos naturais e pela culinária orgânica. Fez um curso de culinária no SENAC, e logo depois, surgiu um edital de projetos no Morro da Babilônia, comunidade onde mora. Depois de muita orientação do projeto, Regina apresentou a ideia de trabalhar com o ciclo do alimento, através de oficinas para a comunidade (oficinas de consumo e desperdício; de princípios da permacultura com a construção de composteiras caseiras e de valores nutricionais). Regina começou o empreendimento com pouco recurso, pois não foi contemplada pelo edital da primeira vez. No segundo ano recebeu recurso do mesmo edital e hoje, a Favela Orgânica promove hoje práticas saudáveis e sustentáveis de alimentação aliadas ao prazer de cozinhar, através de buffets, oficinas e participação em eventos sobre o ciclo do alimento e o consumo consciente para todos. Dentre os vários clientes da Favela Orgânica, estão: Prefeitura do Rio de Janeiro, Philips e Sebrae.
Categoria Grupo Empreendedor
1º lugar: Associação das Mulheres Pescadoras do Iperoba – AMUPI
Cidade: São Francisco do Sul – Santa Catarina
A Associação das Mulheres Pescadoras do Iperoba surgiu em 2010 da necessidade das mulheres pescadoras da região em gerar mais renda e estabilidade ao agregar valor aos produtos da pesca artesanal. Trabalham 9 mulheres na Associação, e os produtos oferecidos pelas pescadoras são, além dos peixes, produtos derivados como caldos, filés, lingüiça de peixe, bolinho e camarão a milanesa. O beneficiamento do peixe permitiu as mulheres acabar com a figura do atravessador, oferecendo assim à comunidade diretamente produtos de qualidade e inovadores, como a lingüiça de peixe. As mulheres hoje alugam o próprio espaço de trabalho, têm o reconhecimento da comunidade local e já comercializam para o PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar – oferecendo alimentos saudáveis para as crianças da região.
Categoria Catador Empreendedor
1º lugar: Cooperativa Mista de Trabalho e Produção de Coleta Seletiva, Reaproveitamento e Reciclagem do Lixo Ltda. – Aguapé
Cidade: Munhumirim – Minas Gerais
A Cooperativa surgiu em 2005, impulsionada pelo fechamento do lixão da cidade, quando os catadores que trabalhavam lá perceberam que precisavam buscar outra fonte de renda. Nessa época, a ONG Ponto Terra reuniu os catadores para conversar sobre o lixo e o cooperativismo. Após as reuniões e apoio da ONG, surgiu a Cooperativa Aguapé. Dois anos após sua constituição, a Cooperativa pleiteou junto à prefeitura da cidade a gestão da Usina de Triagem e Compostagem da cidade. E conseguiu através da assinatura de um contrato de prestação de serviço para Prefeitura de Manhumirim. A cooperativa emprega 20 pessoas, e de 2008 para cá, vêm conseguindo cada vez mais apoio e capacitação para poder oferecer melhores salários aos cooperados. Um dos objetivos da cooperativa é conseguir Certificação Internacional SA 8000 (em andamento) para abrir novos mercados com indústrias e para logística reversa. O trabalho dessa cooperativa é exemplo para muitas organizações de catadores no país, que buscam todos os dias que seu trabalho seja reconhecido pelas prefeituras municipais.
Conheça os 2ºs colocados:
Categoria Jovem Empreendedor – Tony Marlon
Microempreendimento: Escola de Notícias
Tony tem 28 anos e empreende a Escola de Notícias desde 2011 oferecendo serviços de comunicação para organizações sociais em São Paulo. Geração de conteúdos para sites, portais, e outras mídias; gestão de redes sociais e páginas institucionais; registro de ações e projetos socioculturais por meio de documentários e produção audiovisual são alguns dos serviços oferecidos pela Escola. A ideia da Escola surgiu em 2006 quando Tony participou do primeiro Ciclo de Formação de Jovens Empreendedores Sociais – Geração MudaMundo GMM, realizado no Brasil pela Ashoka Empreendedores Sociais.
Categoria Empreendedor Individual – Silvio José Schorrecke Gonçalves
Microempreendimento: Jornal Regional do Cajuru
Silvio tem 32 anos e começou a produzir o primeiro jornal de caráter comunitário do Bairro Cajuru em Curitiba ainda esse ano, o Jornal Regional do Cajuru. O veículo feito pela comunidade e para comunidade tem uma linguagem fácil e permite que os moradores do bairro escrevam e exponham sua opinião no jornal. Além disso, o jornal é distribuído gratuitamente e é uma alternativa de publicidade barata para os comerciantes da região, que dificilmente teriam recurso para investir em outra mídia. Como o empreendimento ainda é recente, Silvio está com um projeto no Portal Impulso, cara captar recurso para a impressão das próximas edições e realização de oficinas de comunicação gratuitas na comunidade. Confira em: http://www.impulso.org.br/pt/projects/9-silvio-schorrecke-jornal-comunitario-do-cajuru
Categoria Mulher Empreendedora – Maria Ivoneide do Vale
Microempreendimento: Instituto Banco Tupinambá
Maria Ivoneide tem 46 anos e abriu o Instituto Banco Tupinambá em Belém, no Pará, para atender a demanda de microcrédito para empreendedores, empréstimo para consumo feito com a moeda social e atender como correspondente bancário na região. A moeda social teve o apoio do Instituto Palmas para começar, e hoje, o Instituto Banco Tupinambá é um negócio social sustentável, que atende as necessidades da região e além disso, contribui para que o dinheiro circule dentro da comunidade. O sonho de Maria é que o Instituto torne-se referencia em economia solidária na região.
Categoria Grupo Empreendedor – Arte Nativa da Amazônia
Contato de Luzimeire: (92) 8101-6305 e (92) 9179-4440
O grupo Arte Nativa da Amazônia é um grupo familiar formado por 04 artesãos/ãs que iniciou em 2010 da necessidade dos integrantes de gerar renda. O grupo escolheu trabalhar com sacolas para feiras/mercado, bolsas para eventos (seminários, congressos), lixeiras para campanhas educacionais (algodão cru, juta, TNT), crachás (algodão cru, juta), pasta de palha para eventos, embalagens p/presente (algodão cru, juta, TNT), sacolinhas para presente (DVD, CD, etc), embalagens para garrafa (juta), bloco de notas, necessaire (algodão, juta, nylon 600 e reaproveitamento de banner), mochilas (juta e algodão cru), sempre pensando em valorizar a cultura local e vender junto com os seus produtos, o conceito de preservação do meio ambiente. Hoje já atende grandes empresas e instituições como a Whirlpool América Latina e a Agência de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas.
Categoria Catador Empreendedor – Cooperativa de Agentes Ambientais FRAGET – COOAFRA
Contato de Elaine: (53) 3281-2399
A Associação de Vilas Reunidas FRAGET se constitui em 1981 com o objetivo de melhorar as condições de infra-estrutura da cidade de Pelotas no Rio Grande do Sul. Localizada numa área de alagamento e próxima ao centro da cidade, muitos catadores de materiais recicláveis catavam material ao seu redor como forma de gerar renda. A FRAGET cedeu então, um espaço no terreno da Associação para os catadores se organizarem. Os primeiros anos foram muito difíceis, pois o grupo demorava cerca de 3 meses para organizar e vender uma carga de material, e sofria com a falta de equipamentos como prensas e picotadeiras de papel. Passo a passo a Cooperativa de Agentes Ambientais conseguiu a Licença Ambiental, ampliou o espaço físico, adquiriu um caminhão via financiamento, e aumentou sua captação de material reciclável. A COOAFRA hoje coloca em pratica o empreendedorismo, a autogestão, e os princípios do cooperativismo além de gerar renda direta a 18 pessoas e a mais 30 famílias que trazem o lixo reciclável e fazem dele sua renda.