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Em um Brasil onde o empreendedorismo feminino cresce a passos largos, as mulheres negras seguem enfrentando desafios que vão muito além da falta de oportunidade: elas enfrentam o racismo estrutural, o machismo e a invisibilidade. Foi para mudar essa realidade que, em 2020, nasceu a Compre de uma Mãe Preta, primeira plataforma brasileira de impacto social voltada exclusivamente para mães pretas, pardas, indígenas e afro-indígenas que empreendem em produtos e serviços.

Idealizada pelas matrigestoras Rosyane Silwa e Tuanny Miller, a Compre de uma Mãe Preta surgiu como uma semente de transformação plantada em meio à pandemia — um tempo em que o isolamento social acentuou desigualdades, mas também despertou novas formas de conexão e resistência.

O começo: uma ideia movida por propósito e urgência

Em São Paulo, duas mulheres pretas, mães e empreendedoras, uniram suas trajetórias e potências.

Rosyane Silwa, mãe de Nzinga, jornalista, produtora cultural, mestra em História e especialista em gestão de projetos e eventos, já vinha desenvolvendo ações de impacto social, cultura afro-brasileira , fazedora de coisas e comunicação inclusiva. Também faz parte da equipe da Aliança como líder de projetos. Tuanny Miller, mãe de Betânia, produtora cultural, educadora social e ativista, tinha um histórico de mobilização através da cultura preta e periférica do afroempreendedorismo — desde os tempos do movimento hip-hop e da Feira Kilombo das Kitandeiras, que reunia mulheres pretas empreendedoras em Franca e região.

Juntas, criaram um espaço onde mães como elas pudessem mostrar seus talentos, vender seus produtos e encontrar reconhecimento. Um espaço de economia, mas também de cura e autoestima. Assim nascia a Compre de uma Mãe Preta, com a missão de conectar mulheres pretas  empreendedoras a consumidores, empresas e oportunidades, promovendo visibilidade e autonomia financeira.

Afeto que gera renda: da Kitanda ao Marketplace

O primeiro passo foi a Kitanda Virtual, uma vitrine digital que apresentava as histórias e produtos das mães da rede. Em pouco tempo, a Compre se tornou referência em afroempreendedorismo materno, alcançando mais de 150 empreendedoras cadastradas e faturando mais de R$ 100 mil em quatro anos — um resultado que vai muito além dos números.

Agora, em 2025, a plataforma dá um novo e importante passo: o lançamento do primeiro Marketplace brasileiro voltado exclusivamente para mães pretas empreendedoras; A KITANDA DA COMPRE.

Inclusão produtiva e capacitação na ponta

Compreendendo desafios e potencialidades, a Aliança Empreendedora desenvolveu uma metodologia própria de apoio ao empreendedorismo de base, voltada especialmente a quem empreende em contextos de vulnerabilidade e nem sempre tem um negócio formalizado. “É uma metodologia com bases teóricas e filosóficas fortes, voltadas para o ensino de adultos, com fundamentos antirracistas e feministas”, explica Lina Useche, cofundadora e head de relações institucionais da Aliança Empreendedora. “A gente parte do princípio de dar visibilidade às interseccionalidades, porque empreender sendo uma mulher negra, por exemplo, é completamente diferente de empreender sendo um homem branco”.

Aliar histórias potentes a uma jornada de apoio com acesso a conhecimento é uma das estratégias da organização fortalecida pelo Tamo Junto, que utiliza ambiente digital criando conteúdo gratuito com acesso a mentoria para microempreendedores de todo o Brasil, inclusive cursos exclusivos para o público feminino, como o Rainhas do Empreendedorismo e Crescendo meu Negócio de Alimentação. Tais conteúdos são construídos levando em conta as necessidades das mulheres,que enfrentam desafios específicos ao empreender, e no caso de empreendedoras negras e mães, envolvem questões estruturais como o racismo e a sobreposição da economia de cuidado.

“O Tamo Junto hoje conta com uma base de mais de 300 mil cadastros, 80% desses usuários são mulheres empreendedoras com mais da metade do público composto por pessoas negras. Ou seja, esse é o perfil da empreendedora brasileira, que ao buscar apoio procura uma jornada que acolha suas necessidades em pontos específicos de alavancagem, como por exemplo: autopercepção empreendedora, conhecimento, acesso a crédito, construção de rede e mercado”, explica Caroline Meira, da equipe do Tamo Junto e Coordenadora de Comunicação da Aliança Empreendedora.

A Compre de uma Mãe Preta nasceu com a necessidade de valorizar e reconhecer essas histórias, conectando empreendedoras negras e mães a oportunidades de mercado que impulsione seu empoderamento econômico. Nesse sentido, é um exemplo de um importante elo dentro do ecossistema empreendedor: o acesso ao mercado. 

Kitanda: vender com propósito, empoderar com dignidade

A Kitanda é mais do que um marketplace — é um movimento de transformação social criado por mulheres negras para mulheres negras. Em apenas cinco meses de existência, a plataforma já movimentou mais de R$ 20 mil em vendas e reúne quase 50 empreendedoras ativas. A demanda é crescente: cerca de 200 mulheres,mães, aguardam na lista de espera por uma oportunidade de fazer parte dessa rede.

A proposta da Kitanda é poderosa: fomentar a inclusão produtiva de microempreendedoras, alinhando trabalho digno à maternidade. Aqui, vender é um ato de resistência, de cuidado e de construção de autonomia. Cada produto comercializado carrega histórias, saberes e afetos — e cada venda representa um passo rumo à independência financeira e ao fortalecimento das famílias.

Na Kitanda, as empreendedoras oferecem seus produtos e serviços para todo o Brasil, utilizando a plataforma como canal de escoamento da produção e ampliação de suas redes. São lojas virtuais, ou várias kitandinhas (como chamamos cada loja), que valorizam a economia criativa, o empreendedorismo feminino e a potência das mães negras.

A caminhada é independente, mas o sonho é coletivo. A Kitanda busca pessoas e organizações dispostas a investir e apoiar sua estruturação e crescimento. Apoiar a Kitanda é investir em equidade, dignidade e futuro.

O que antes era uma vitrine de histórias, agora se torna uma grande rede de oportunidades, conectando quem compra com propósito a quem vende com ancestralidade.

“Esse é o primeiro marketplace do Brasil totalmente dedicado a afro-negócios de mães pretas e pardas, conectando empreendedoras a empresas comprometidas com diversidade e práticas ESG. É sobre gerar renda, mas também sobre transformar vidas e fortalecer comunidades inteiras”, afirma Rosyane Silwa, CEO da Compre de uma Mãe Preta e mãe da pequena Nzinga.

Maternar e empreender dá bom!

Na Compre, empreender é também uma forma de maternar o mundo.
Para Tuanny Miller, CMO da plataforma e mãe de Betânia, o empreendedorismo é uma ferramenta de emancipação e mobilização social:

“Empreender foi necessário para mim — não só pela minha autonomia financeira, mas pela possibilidade de criar redes de apoio. Desde o movimento hip-hop até o Ateliê Kekêre, que nasceu do meu desejo de ser mãe e vestir minha filha com propósito, sempre acreditei que a mulher preta deve ocupar o centro da economia criativa.”

Esse olhar atravessa toda a atuação da Compre: os workshops, rodas de conversa e palestras sobre afroempreendedorismo, autoestima, maternidade e emancipação são parte essencial da jornada de transformação que a plataforma promove.

Impacto social com raiz e propósito

De uma simples ideia nascida do desejo de transformar dor em potência, a Compre de uma Mãe Preta se tornou referência em inovação social e economia do cuidado.

Hoje, a marca celebra cinco anos de existência, com uma comunidade viva, criativa e potente — feita por mulheres que transformam o cuidado em liberdade e o afeto em prosperidade.

“Nosso trabalho é plantar sementes de prosperidade. Cada venda, cada conexão e cada curso que realizamos é uma forma de garantir um futuro de bem-viver para as mulheres e crianças pretas”, completa Rosyane.

SERVIÇO

Quer conhecer e apoiar essa rede de mães pretas empreendedoras?
Acesse: www.compredeumamaepreta.com.br

Compre da Kitanda: https://kitandadacompre.com/
Siga e compartilhe: @compredeumamaepreta

Compre de uma Mãe Preta — porque maternar e empreender dá bom.

 

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