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Entre os feitos da organização destaca-se a escala de seu impacto por meio de um grande esforço de atuação online.

Em 2019, a Aliança Empreendedora completa 14 anos de estrada. Nessa trajetória foram mais de 327 mil microempreendedores alcançados, sendo que destes, 87 mil foram apoiados diretamente. Além disso, 134 organizações fomentadas para apoiar microempreendedores Brasil afora e 165 projetos desenvolvidos com o apoio de 84 financiadores.

A história da instituição contabiliza também muitos aprendizados e espelha o crescimento do empreendedorismo no Brasil. De acordo com dados da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2017, produzida pelo Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP) com apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), em 2018, a taxa total de empreendedorismo (TTE) no país foi de 36,4%. Em números absolutos, o contingente de empreendedores chega a quase 50 milhões de pessoas. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2016, 50,1% dos negócios formalizados eram compostos por microempreendedores, ou seja, pequenos negócios com faturamento anual de até R$ 60 mil.

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“Esse marco dos 14 anos nos coloca um senso de responsabilidade muito grande. Ao longo dessa trajetória, a Aliança se tornou referência quando se fala em empreendedorismo de baixa renda. Quanto mais somos procurados, citados e reconhecidos, mais damos importância ao compromisso em termos de qualidade, impacto e resultados com o trabalho que entregamos ao microempreendedor e à sociedade como um todo”, afirma Lina Maria Useche, cofundadora e diretora executiva da Aliança Empreendedora.

Revolução digital

Os últimos anos marcaram uma revolução digital na atuação da Aliança Empreendedora. Um período em que os esforços para sistematizar o conhecimento reunido em mais de uma década de apoio presencial ao microempreendedor brasileiro se uniram aos resultados e aprendizados de projetos online.

De acordo com pesquisa publicada pelo Google em 2015, a classe C representa 54% dos usuários online no Brasil. A instituição viu nesse cenário uma oportunidade para escalar seu impacto. “Foi preciso adaptar o nosso modelo mental para pensar como poderia ser a experiência online de microempreendedores na hora de aprender e, para isso,  contamos com o apoio de muitos parceiros”, afirma Alexandra Meira, vice-presidente e diretora de projetos da Aliança Empreendedora.

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Essa mudança de paradigma consistiu na adaptação da metodologia da Aliança Empreendedora para o formato online, bem como na criação de um sistema de gerenciamento de beneficiados em tempo real e de um banco de conhecimento a fim de subsidiar o trabalho das organizações que apoiam microempreendedores pelo Brasil.

Pensando ainda na população sem acesso a internet ou com pouca familiaridade com a linguagem virtual, a Aliança desenvolveu a metodologia do Cineclube, que tem como base sua extensa produção audiovisual. A abordagem consiste em estimular o apoio a microempreendedores por meio da realização de encontros, debates, rodas de conversa e outros formatos presenciais. A ideia é instrumentalizar facilitadores para esses encontros com as videoaulas disponíveis na plataforma educativa da instituição, a Tamo Junto, e com o Guia do Orientador com a finalidade de sensibilizar e inspirar essas atividades.

Com essas tecnologias, foram 87.216 microempreendedores beneficiados diretamente até 2018, entre capacitados de forma online e capacitados presencialmente por organizações fomentadas no formato online pela metodologia da Aliança.

“Ampliar a disseminação de nossa metodologia e do conteúdo construído ao longo de todos esses anos fez com que a gente alcançasse o Brasil inteiro, nos dando a oportunidade de nos conectar a uma rede de organizações que conhecem o microempreendedor na ponta e conseguem nos dar feedbacks mais qualificados. E essa passou a ser uma das principais estratégias de disseminação do nosso trabalho. Já são 134 organizações apoiadas e esse número só aumenta”, observa Lina.

Foco no microempreendedor

Essa virada de chave marcou o início da atuação da Aliança com a teoria Effectuation. A abordagem vê o empreendedorismo não como um dom ou conjunto de características, mas como um conjunto de habilidades desenvolvidas a partir da prática e experiência. Nesse sentido, em vez de focar no desenvolvimento de um plano de negócios baseado em previsões para o futuro, a abordagem estimula os microempreendedores a criarem e ampliarem seus negócios a partir do que eles têm, desenvolvendo três pilares fundamentais: 1) Quem são (identidade, sonhos e autoimagem); 2) O que sabem (conhecimentos e experiências); e 3) Quem conhecem (rede de contatos).

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“Antes nós olhávamos para o desenvolvimento dos negócios. O foco era faturamento, número de clientes, competências técnicas. Todo o conteúdo dos treinamentos era voltado a esse aspecto. Nos últimos anos, passamos a olhar para o empreendedor e para o seu desenvolvimento”, explica Alexandra.

Com isso, o processo de mentoria ganhou muita potência na atuação da Aliança Empreendedora no último período. Merecem destaque duas iniciativas: Aliancers e Guru de Negócios.

A primeira mobiliza jovens que tenham o desejo de impactar positivamente suas comunidades, bairros e entornos promovendo o desenvolvimento local a partir do empreendedorismo. Um aliancer assume o compromisso de organizar capacitações presenciais para engajar e mobilizar sua rede de contatos. Com o lançamento do programa, a ideia da Aliança é formar um time de aliancers que possam ser atores de disseminação de conteúdos sobre empreendedorismo para populações das classes C, D e E.

Já o Guru de Negócios é um programa que promove o match entre mentores e empreendedores e oferece apoio no desenvolvimento de negócios por meio de um processo de mentoria.

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Lina explica que um dos grandes aprendizados para a Aliança foi perceber que a principal barreira no setor é o fato de o microempreendedor muitas vezes não se reconhecer como tal. “A maior parte do trabalho que a Aliança Empreendedora realiza tem esse objetivo. Estamos falando de comunidades vulneráveis. Ninguém nunca acreditou nessas pessoas, nem elas mesmas. Então, a parte mais importante da nossa missão é o processo de empoderamento. A barreira não é tanto cognitiva ou de conhecimento. A virada dessa chave é o que dá sentido a todo o restante do processo.”

A diretora observa que isso mudou a forma de aplicar a metodologia para um formato que valoriza o que o grupo já traz. “O conhecimento emerge a partir do que aquele empreendedor já tem, da sua trajetória, porque ele também tem muito a ensinar e isso é muito empoderador para o grupo. Isso fez com que nossa taxa de evasão, que era algo em torno de 30 por cento, caísse para cinco”, comemora.

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