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Aliancers conta com 110 pessoas interessadas em replicar metodologias da Aliança Empreendedora e aumentar rede de microempreendedores impactados.

Com a missão de promover a inclusão e o desenvolvimento econômico e social, a Aliança Empreendedora acredita que toda e qualquer pessoa pode empreender, considerando o empreendedorismo o motor da economia. Para espalhar ainda mais suas ideias e metodologias, principalmente para pessoas e comunidades de baixa renda, a organização criou o Aliancers.

O Aliancers é um programa de voluntariado que, com o objetivo de expandir ainda mais a rede de 86 mil microempreendedores impactados pela Aliança, busca jovens que tenham o desejo de impactar positivamente suas comunidades, bairros e entornos, promovendo o desenvolvimento local dessas regiões a partir do empreendedorismo.

Um aliancer irá firmar o compromisso de engajar e mobilizar sua rede de contatos para participar das capacitações presenciais que serão organizadas por ele mesmo. Com o lançamento do programa, a ideia da Aliança é formar um time de aliancers que possam ser atores de disseminação de conteúdos sobre empreendedorismo para populações que estão na base da pirâmide: classes C, D e E.

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Um destaque do projeto é a sua gratuidade. Durante todo o processo, não há cobrança de nenhum tipo de taxa, nem para o disseminador, nem para as pessoas que participarão dos grupos.

Formando replicadores

As inscrições para quem tiver interesse em compor o time de replicadores da Aliança são abertas duas vezes por ano. Na ocasião, pessoas com mais de 18 anos podem realizar a inscrição mediante resposta a dez perguntas gerais sobre conhecimentos em empreendedorismo e envio de um vídeo de apresentação. Além disso, é indicado que a pessoa seja comunicativa, uma vez que precisará firmar parcerias para, por exemplo, encontrar um espaço para realizar as reuniões.

Depois da fase de seleção, os aliancers passam pelo curso de formação Aliancer, hospedado no Tamo Junto, plataforma gratuita da Aliança Empreendedora com aulas, cursos, conteúdos e ferramentas.

É nesse curso que cada participante irá aprender sobre duas metodologias da Aliança: o Cineclube e a Mentoria Coletiva. O Cineclube baseia-se na grande produção de vídeos da Aliança Empreendedora. Foram mais de 200 somente em 2018. Nessa metodologia, propõe-se a exibição de um vídeo para a turma no início dos encontros como forma de introduzir o assunto do dia. Posteriormente, é papel do aliancer realizar uma reflexão guiada sobre o tema, perguntando como cada um se sentiu e como as lições podem ser aplicadas em seus negócios.

A Mentoria Coletiva, por sua vez, divide-se em duas frentes: a mentoria específica, sobre temas mais definidos como marketing e vendas, e a mentoria inspiracional. Nesse caso, o aliancer convida um empreendedor para contar sua história, conquistas e aprendizados. O currículo do curso inclui ainda ensinamentos sobre andragogia (ensino de adultos), Círculo Aprendizagem Vivencial (CAV) e técnicas de facilitação e condução de turmas e grupos.

Atualmente, são 110 aliancers espalhando conhecimento sobre empreendedorismo pelo Brasil. Somente em 2019 já foram realizados 11 encontros de cineclubes e 6  mentoria coletiva.

Histórias de sucesso

Participantes ativos e responsáveis por suas redes devem fornecer relatos à Aliança Empreendedora sobre suas práticas e atividades. Com essas informações, a organização monta um ranking dos mais engajados com a causa.

Atualmente, duas mulheres do grupo de 110 Aliancers vêm se destacando. Uma delas é Neuza Lima, que atua em Feira de Santana, município da Bahia. Ela conheceu a Aliança Empreendedora em 2015 a partir de um edital do qual a organização era parceira. “Na ocasião, a Aliança veio aqui para Feira [de Santana], nos apresentou a metodologia e gostamos muito porque vimos que aquilo tinha resultado. Ficamos três anos no programa Geração Empreendedora. Antes do término, fiquei sabendo sobre o edital do Aliancers para impactar de forma voluntária e resolvi participar.”

Atualmente, inúmeras pessoas estão engajadas com a causa do empreendedorismo no município. Neuza explica que ela procura locais de maior vulnerabilidade social para desenvolver as formações junto a pessoas que não têm expectativa em relação a seu futuro profissional, não sabem como começar a empreender ou já desistiram algumas vezes por conta de dificuldades relacionadas à capacitação.

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“O programa ajuda a provar que essas pessoas podem e conseguem. Geralmente, fazemos em locais mais distantes do centro, onde há mais dificuldade de deslocamento. No final de março, fiz um encontro em um condomínio muito distante. No final, os jovens me agradeceram pela oportunidade,” explica Neuza.  

Se antes todo o esforço de mobilizar a rede e buscar parceiros era de Neuza, depois de três anos construindo uma rede de contatos, hoje as pessoas chegam até ela. “Nós ainda procuramos parceiros estratégicos, como síndicos dos condomínios do programa Minha Casa, Minha Vida, e apresentamos o programa e os benefícios que pode gerar para a comunidade. Mas hoje em dia muita gente me pergunta se ainda estou atuando e se posso ir até sua comunidade.”

Para a mobilizadora, fazer parte do time de aliancers significa disponibilizar seu tempo para ajudar quem precisa. “É importante saber que eu posso dedicar quatro horas semanais e com isso impactar 30, 40 jovens e suas comunidades. Eu sinto como se estivesse ajudando a realizar o sonho de alguém, por exemplo, ao usar o empreendedorismo para que esses jovens se libertem ou não entrem no caminho da droga.”  

Viajando um pouco mais para o nordeste do Brasil fica a praia de Pitangui, no município de Extremoz, no Rio Grande do Norte. É lá que atua Camila Rabuske, psicóloga e aliancer desde fevereiro deste ano. “A região da praia é carente de tudo. Eu já realizava alguns trabalhos, mas sem muita estrutura ou direcionamento. Eram atividades de ‘vamos juntar todo mundo e discutir um assunto’. Geralmente falávamos sobre autoconhecimento.”

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Em 2018, depois de participar de um evento presencial da Aliança Empreendedora e um membro da equipe contar um pouco sobre o Aliancers, Camila se interessou em fazer parte do time. A vontade veio devido à percepção sobre a realidade da praia. Segundo a psicóloga, a população é composta por muitos microempreendedores: comerciantes, pescadores e suas companheiras. Não eram incomuns reclamações sobre a qualidade do atendimento desses locais. “São negócios pequenos e informais. Eles funcionam, tanto que as pessoas estão ali vivendo, mas eu tenho certeza que se tivesse um pouquinho de conhecimento as coisas melhorariam muito.”

Pensando nisso, a aliancer estabeleceu contato com essas pessoas para explicar que realizaria bate-papos com vídeos e dicas para serem aplicadas nos negócios. Em datas comemorativas, por exemplo, Camila se organiza juntamente com a comunidade para promover palestras de especialistas. “Em função do mês da mulher, em março, organizamos um evento que contou com a presença de um advogado para falar sobre a Lei Maria da Penha, uma nutricionista para falar sobre alimentação e eu falando sobre empreendedorismo. Fizemos convites nas redes sociais e foi bem legal.”

Os encontros são realizados em espaço cedido por uma escola local. Além disso, a aliancer já combinou com os alunos que as formações acontecerão às segundas-feiras, quinzenalmente. Cada participante confirma sua presença em um grupo no WhatsApp. “Eles sabem que eu estarei na escola na data marcada, independente de quem confirmou presença. Já marcamos os encontros até o mês de junho. Fica mais fácil para a organização.”

Seguindo a metodologia do Cineclube, cada reunião tem início com um vídeo. Em seguida, Camila discute o conteúdo na perspectiva do negócio de cada participante, para que eles consigam fazer uma conexão entre conceitos de empreendedorismo e seus negócios.

Para ela, ser uma aliancer é ter a oportunidade de compartilhar conhecimento e fazer a diferença em uma comunidade. Com a aposta em estratégia e planejamento, Camila consegue encaixar o trabalho de ser aliancer na sua rotina diária. “Ser aliancer é propagar o conhecimento. Participar do grupo me coloca na posição de estudante, pois eu tenho que entender do tema do próximo encontro. É um benefício para mim também. Fora que a minha rede de contatos aumentou muito, assim como o meu conhecimento sobre as dificuldades locais. É muito bom ver as pessoas crescendo e se desenvolvendo.”

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