Se de um lado nosso ministro de relações exteriores falava no celular, no café conversava com o CEO de uma multinacional e mais tarde jantava com um inovador social que criou um sistema que transforma qualquer celular em um sistema de pagamentos por cartão de forma simples e barata.
Este foi o clima que encontrei no Fórum Econômico Mundial para a América Latina realizado entre 27 e 29 de Abril no Rio de Janeiro a partir do convite que recebi pela rede de Jovens Líderes Globais para palestrar no painel “Promovendo o Empreendedorismo na América Latina” realizado no primeiro dia de evento.
Se por um lado o clima era “pesado” com tanta gente do “status quo” de “famílias” tradicionais e governos, por outro era estimulante conhecer empreendedores de tecnologia, lideranças positivas de empresas e governos ou empreendedores sociais apresentando idéias e soluções criadas justamente para tentar trazer mais equilíbrio para a balança do mundo.
Como empreendedor brasileiro e latino americano, por vezes sentia orgulho do momento de crescimento pelo qual estamos passando, pela expansão de startups e das empresas “multilatinas”, seguido logo de um sentimento de inquietação e insatisfação ao ver do quanto ainda estamos longe de países como Israel ou Estados Unidos no que diz respeito a inovação e empreendedorismo, ou ao ver o crescimento do populismo e as “neo-ditaduras” na região.
Como foi dito em um painel sobre as tendências de governos e desenvolvimento na América Latina, o populismo e as neo-ditaduras crescem não por fazerem promessas a “ignorantes”, mas por ouvirem e trazerem à tona vários temas de interesse dos “ignorados”. Portanto é inviável ou pouco útil pensar em desenvolvimento sem a inclusão e participação ativa de todos neste processo para que os resultados sejam sustentáveis.
Se há algo que é mais interessante em ter participado de um Fórum Econômico Mundial para a América Latina foi justamente em poder ter visto e sentido o “pulso” e a “temperatura” do momento pelo qual estamos passando, com a possibilidade real de interagir, influenciar e poder intervir junto à líderes que, em grande parte, contribuem para os possíveis rumos e futuros de nossa região.
Tirando as gravatas, os pessimistas e defensores do “mais do mesmo” e o clima de segurança pesada, foi um momento único para conhecer, dialogar e se conectar com novos líderes, desafios e idéias rumo a um Brasil e uma América Latina mais global, moderna, inclusiva e desenvolvida.
Rodrigo Brito é um dos fundadores e atual diretor executivo da Aliança Empreendedora, Young Global Leader desde 2010 e diretor da empresa ReLab – Laboratório de Transformação.